
Suzana, Neuza e Antônia são sinopenses que dedicam uma parte da vida delas para servir os outros. São exemplos de que com pouco que fazem, ajudam muitas pessoas.
A retribuição não vem em forma de dinheiro ou outro benefício próprio, mas a satisfação em ser útil fazendo o bem.
A edição especial da revista "O Lojista", de março, mês do Dia Internacional da Mulher, retrata o que cada uma faz, o sentimento de gratidão e a busca pelo bem comum.
Ultimamente, as mulheres têm passado a ocupar papéis também institucionalmente na sociedade.
A contribuição delas se estende muito além da ocupação de cargos de direção, mas o dinamismo das diversas vocações na vida.

NEUZA
Um problema de saúde transformou a vida de Neuza Sartori de Almeida, 53 anos.
Em janeiro de 2018 ela descobriu um câncer de mama. A notícia abalou o psicológico dele e da família. Teve início o tratamento, aliado a ele, a fé na cura foi mais que um remédio. Orações, palavras de motivação fizeram ela acreditar e querer continuar a viver.
Logo que passou por cirurgia, começou a frequentar a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Sinop – REFECCS.
Foi ali que tratou o emocional, teve acompanhamento de Nutricionista, Reic, Psicóloga e começou a desenvolver atividade de artesanato, com outras pessoas que passaram pela mesma situação.
“Ali eu vi que tudo estava passando, que eu iria conseguir a cura. A gente se distraia, era algo sempre fora da rotina”, lembra.
Após um ano e meio conseguiu se curar.
A partir de então, começou a se doar à entidade filantrópica. Toda quarta-feira à tarde, tirar um tempo para estar lá, desenvolvendo trabalhos. Quando não conclui leva o material e termina em casa.
“Produzimos crochê, terços, pulseiras, chaveiros e panos de prato. O material fica em exposição na loja, colocamos preço e o que for vendido, os recursos ficam para a Refeccs para custear a estrutura que está à disposição da comunidade”, citou.
Hoje são 21 pessoas envolvidas, todas como voluntárias.
Neuza decidiu fazer algo a mais que lhe motivasse na vida. Fez um curso técnico de Terapia Holística e se formou Técnica em EFT.
”Estava procurando alguma coisa que pudesse me ajudar ainda mais. Às vezes, quando estava com autoestima baixa, a instrutora foi maravilhosa e nos colocava pra cima. Foi excelente”, comentou sobre o curso.
O próximo projeto é criar um grupo de pessoas que sofrem traumas do câncer. Neuza quer ajudar na recuperação delas. Alguns colaboradores são de fora e estão envolvidos, participando da elaboração do projeto de forma on line.
“O que provoca o desenvolvimento do câncer, muitas vezes é o emocional. Aprendi muitas terapias e foram importantes na minha recuperação e pretendo passar adiante”.
Neuza auxilia o esposo e filho na prestação de serviço de pintura na construção civil.
Ao perguntar para definir a palavra ‘servir’, não hesita em responder bem objetiva; doação.
“É ajudar, sentir um alívio, um chamado, estar com o coração feliz. Muita coisa estava escondida dentro de mim e consegui me conhecer melhor e superar”.
Neuza Sartori de Almeida tem dois filhos e três netos. Mora em Mato Grosso desde 1995.

ANTÔNIA
Antônia Santana da Silva, 73 anos, destinou parte da vida dela a fazer o bem a crianças, jovens e idosos, no bairro Boa Esperança, onde mantém um projeto dentro da comunidade que atende cerca de 150 famílias por ano. É conhecido como Pastoral da Criança e Idoso.
São 17 anos ininterruptos fazendo assistencialismo para um público sem condições financeiras.
Através de doações são adquiridos remédios, elaborado alimento a base de farinha, lanches, pesagem e acompanhamento das gestantes.
“Sinto-me bem fazendo isso. As minhas filhas e o meu esposo também me ajudam. Essa vivência de servir é importante para que eles possam continuar este trabalho, que é maravilhoso e abençoado”, comenta Antônia.
A dona de casa conta que atualmente organizou um grupo de mulheres que passam por depressão e na própria residência, reúne cerca de 16 atualmente, onde produzem artesanato, conversam e buscam algum tipo de auxílio como forma de tratamento.
Dona Antônia lembra que um dos momentos mais emocionantes que viveu na ação, foi quando uma mulher cadeirante, que havia perdido os movimentos do corpo, conseguiu pegar a colher para comer. “Era o sonho dela, isso me deixou muito emocionada”, relatou.
A mensagem que ela deixa para as demais mulheres é para que não tenham medo de servir.
‘Em primeiro lugar precisamos pensar na família. Através dela vem esta doação. É preciso ter respeito com casamento, mas ao mesmo tempo ser guerreira, realizar. Os homens tem medo do empoderamento das mulheres”, completou.
Dona Antônia é casada à 53 anos e mãe de 6 filhos, 13 netos e 7 bisnetos.
SUZANA
A professora Suzana Henrique Mendes, 47 anos, faz trabalho voluntário levando autoestima as mulheres dos bairros em Sinop, através de estética, tudo de graça.
O projeto surgiu com a mãe dela e depois idealizado junto com a irmã Zilda e voluntárias.
“Chegou um momento em que a nossa mãe, devido a idade, não pode mais dar sequência e a gente tomou a frente. Hoje levamos a beleza as mulheres atendidas pela Lei Maria da Penha, no MAPS, Tenda das Missões e na Associação do Alto da Glória, além de outros”, explicou.
O serviço prestado vai desde o corte de cabelo, design de sobrancelha, manicure, alongamento de unhas, micro pigmentação, limpeza de pele, e demais cuidados na área da estética feminina. Alguns deles são feitos até ?para os homens.
“A maioria dessas pessoas é de baixa renda, não teria recursos para fazer algum tipo de tratamento”, lembra.
São feitos mensalmente em média de 400 atendimentos, em quatro dias ao mês destinamos o tempo para isso.
Segundo Suzana, no ano passado foram atendidas cerca de 2.500 pessoas. Uma parte é vítima de violência doméstica, que vem causando grandes traumas e até feminicídios.
“Lembro-me de vários momentos marcantes, mas dele foi especial. Uma senhora estava triste, e o marido estava abandonando ela com cinco crianças, duas de colo e ela era muito bonita. Fizemos um trabalho de cabelo, maquiagem, unhas e depois de pronta, ela ficou transformada e se sentiu muito feliz”, lembra.
De acordo com a professora, é gratificante poder servir.
“Servir é doar um pouco da gente para ajudar os outros. O sorriso é o valor maior que podemos receber em troca”.
“Importante sermos lembradas em dia especial, para nós mulheres. Que eu e minhas parceiras possamos ter força e perseverança para continuar com este trabalho”.
Suzana Henrique Mendes, é viúva, tem três filhos e dois netos e mora em Sinop desde 1983.